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Cuida-te a ti mesmo - refletindo sobre o autocuidado

  • Foto do escritor: Sofia Nogueira
    Sofia Nogueira
  • 3 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

Num desses dias de isolamento social, lendo meu livro ao sol da manhã, me percebi refletindo sobre o autocuidado.

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Estava ali, pensando o quanto aquele sol era importante na produção de vitamina D em meu organismo, para o aumento da minha imunidade, e percebi que só conseguiremos sair desta pandemia melhores do que entramos, se conseguirmos aprender a cuidar um pouco melhor de nós mesmos.


Muitos falam sobre a importância da sustentabilidade, da preservação do meio ambiente e do cuidado com nosso planeta, mas como podemos praticar tudo isso se não conseguimos nem cuidar da gente mesmo? Eu só consigo ser mais humano com o outro se já aprendi a ser mais humana comigo mesma. Só é possível ser solidário, empático e cuidar do próximo quando eu mesma já sou capaz de fazer tudo isso comigo. Cada um só pode dar aquilo que tem pra dar. Entende? Isso é “matemática psíquica”.


Então se você, como eu, acredita que quando esse isolamento acabar, seremos capazes de praticar valores mais humanos para vivermos uma vida mais gostosa e plena, eu te pergunto:


1)     Quanto tempo você tem dedicado pra cuidar de você mesmo? Tem tido a disciplina necessária pra ter esse tempo para você?


2)     Você sabe o que gosta de fazer? Quais são as coisas que te trazem prazer, que te fazem bem?


Esse segundo questionamento me pegou de surpresa em 2009. Tinha iniciado o meu trabalho em uma indústria farmacêutica. Logo que cheguei, ouvi falar que o horário de trabalho às sextas-feiras era reduzido, se encerrava às 15:00h. Eu, que vinha do mercado financeiro, não dei muita bola para isso e segui com a minha rotina normalmente.


Até que a sexta-feira chegou e eu já não tinha muito mais o que fazer. Era a minha primeira semana de trabalho, ainda não tinha meu computador com os programas e e-mail funcionando e minha agenda de integração estava vazia. Me vi ociosa e fiquei incomodada. Me lembrei o que tinha ouvido sobre o horário de saída às sextas-feiras. Não acreditei muito, achei que isso não acontecia na prática, então resolvi checar com os meus próprios olhos. Saí da minha sala pra ver se tinha mesmo gente com coragem de ir embora em plena sexta-feira às 15:00h. Para minha surpresa, vi muita gente pegando a bolsa e saindo mesmo! Alguns já estavam desligando seus computadores e um ou outro ainda continuava trabalhando. Fiquei chocada e pensei: e agora? O que eu faço? Vou ou não vou? Mas ficar aqui sem fazer nada também é meio ridículo. Acho que é ainda mais constrangedor se alguém perceber que estou enrolando. Melhor eu ir embora também. Nesse momento, peguei minhas coisas e sai meio que de mansinho, torcendo pra ninguém me ver, estava me sentindo constrangida.


Às 15:30h eu já estava em casa pois morava muito próximo do trabalho. Nesse momento veio um desconforto ainda maior. Logo que cheguei, pensei e agora? O que eu vou fazer? Me percebi dando voltas na sala, perdida, sem ter a menor ideia do que ia fazer com todo esse tempo livre. Não estava acostumada a ter tempo para mim. Minha rotina só me permitia chegar em casa exausta, jantar, tomar banho e ir direto para a cama porque no dia seguinte já tinha que estar pronta e começar tudo de novo. Percebi que eu não tinha a menor ideia do que eu gostava de fazer. Ler? Passear no shopping? Fazer massagem? Ir ao cinema? Conversar com uma amiga? Cozinhar? Não sabia e nem se gostava de fazer aquelas coisas. E foi neste momento que me comprometi a experimentar. Toda sexta-feira eu ia fazer algo novo para ver se gostava. E assim foi. E pouco a pouco peguei gosto pela coisa. Comecei a dar valor para esse tempo que eu tinha meu, para fazer o que eu gostava de fazer. Adorava ainda mais as sextas-feiras e é claro, fui fazendo o possível para preservar a minha agenda. Eventualmente uma ou outra reunião que não podia ser reagendada entrava após as 15:00h, mas era realmente uma exceção. Notei que essa disciplina tinha que vir de mim mesma. Eu é que tinha que me organizar para priorizar tudo o que era urgente e importante na semana e reagendar o que podia esperar.

Aos poucos fui percebendo que eu classificava tudo como prioritário porque, na verdade, queria ser reconhecida como a eficiente, que faz tudo rápido, que se antecipa e tem resposta para tudo. Vejam, a própria empresa já estava bem resolvida com o horário de saída às sextas, quem não estava era eu. Quem estava julgando e portanto, claro, com medo de ser julgada, era eu mesma. Quando consegui resolver essa questão dentro de mim, tudo ficou mais fácil.


Dei tanto valor para essa prática que comecei a recusar propostas de emprego onde a cultura era aquela famosa que dizia “aqui você tem horário para entrar, mas não tem horário para sair”.


Quando você tem clareza do que gosta de fazer e também do que não gosta, dos seus limites, das suas vontades, fica muito mais gostoso se mover no mundo. Essa experiência me ajudou a entender a importância de dedicar um tempo pra fazer as coisas que eu gosto. Nestes momentos de “relaxamento” a criatividade aparece e faz o meu trabalho mais fácil, minha “performance” aumenta e aí sim eu ganho mais velocidade. Me sinto mais disposta, com mais energia para fazer muito mais e é claro que o reconhecimento também aumenta. Então, mais uma vez eu te pergunto, você já sabe o que gosta de fazer?


E voltando aos questionamentos após essa pausa para minha experiência…


3)     Como está a sua alimentação? Tem consumido alimentos saudáveis pra cuidar da sua saúde e bem estar?


4)     Tem praticado alguma atividade física?


5)     Tem dormido bem? Evitado assistir televisão, principalmente programas e filmes violentos, antes de dormir?


E por último, mas não menos importante


6)     Tem tido tempo de ficar pelos menos alguns minutos em silêncio, um pouco mais recolhido com você mesmo? Já consegue perceber, de uma forma desapegada, tudo o que é real e imaginário dentro da sua mente?


Se conseguirmos evoluir com estes cuidados básicos conosco certamente conseguiremos expandir essa prática para os demais e automaticamente criaremos uma nova realidade ao nosso redor. O primeiro passo é com você! Bora lá?

Me conte quais são suas repostas e experiências sobre essas questionamentos.


 
 
 

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